sábado, 9 de outubro de 2010

rasgar tristezas,guardar perdas,numa mesma gaveta,e perder a chave


José Mario Ramos

o amor é atleta,treina,avanca,faz concentração,sobe morros e montanhas,se cansa,repensa,nao pensa,vai em direção do belo,do inconsequente,se faz amor


José Mario Ramos

a sabedoria do profeta,a calma do yogy,a palavra do amigo, o telefone que nao toca,o receio de nao ser amado,salada de batata, o copo de vinho, o livro na cabeceira,a espera do amor chegar,enquanto essas coisinhas nao acontecem,liga o som e relaxa


José Mario Ramos

a noite que nao faz frio
o frio que nao faz noite
o calor sereno do meio dia
e a noite venta
de tanto frio
se chega,se abraça com teu travesseiro.

colega
de toda noite

beija,com labios secos
tua história
manda pro mar o sabor de beijo
pras árvores,o sabor de queijo
da floresta que habita seus sonhos
do mar que habita seu dia
escolha
entre o calor e o frio


José Mario Ramos

poesia nao tem hora nem dia
nao tem forma nem guia
somos empurrados pelas torrentes,correntes,
tormentas,rio abaixo,chaos que cria,
os poetas caóticos,semi-óticos,transtornados

pelo que vai caindo como chuva do belo oceano estrelado
pomar,orvalho,cheiro de bosta
aquario


José Mario Ramos

aposte no seu talento,
aumente suas asas,
respire,
abra seu peito,olhe pra cima,
pro vento
nao pare,procure
aquilo que ta' dentro
e,suavemente
perceba
seu caos
seu tempo


José Mario Ramos

ora direis ouvir estrelas
perdeste o senso
eu vos direi,no entanto
que para ouvi-las

muita vez desperto
e abro as janelas,

pálido de espanto

conversamos a noite toda,

enquanto
a via láctea,

como um palio aberto
cintila
direis agora,

tresloucado amigo
que conversas com ela
amai para entende-las
pois so quem ama e capaz de ouvir estrelas


José Mario Ramos ( Via Olavo Bilac)

vou entardecendo
sem noite
sem vento
com tempo
o todo
o tempo
que sempre falta
e sento
nao sei como
me calo,e durmo
quem sabe


José Mario Ramos

NADA ME DEU TESAO
NADA ME FEZ SOFRER
NADA ME EMPURROU
NADA ME ENRIQUECEU
MAS AINDA NESSE ESTADO DE NADAS FRUSTRANTES
ESPERO COM CALMA
O SABOR
DO AMANHA,
QUE ME TRARA O BEIJO,O
SEU BEIJO
SUA FALA,
COM CERTEZA

ACORDAREI

o segredo esta' no corpo
o corpo e' uma linguagem,ja' que nao e' materia,ou e' materia errante
que finda
a linguagem e' ex-sistente,pois ja' perdeu seu significante,e ja' faz parte de outro
significante,que por si,
nao significa mais nada alem do vazio
como o corpo e' vazio
e' linguagem,
que tal

um sorvete gelado,ou um cha',um vinho,uma cerva,um espumante
que vai derreter o corpo
que nao e' corpo
e' nada

José Mario Ramos

quando me perguntam o que sou,respondo
nao sou escritor
sou um contador de historias
e por ai nao me prendo a um rotulo,que nao me permite ser outra coisa qualquer,um barbeiro,um filosofo,um pensador,um qualquer coisa que posso desejar ser ao longo da minha vida,nao me limito
se me intitulo,fico preso
se espero,fico livre
Ze Mario Ramos
inspirado em leituras de Isak Dinesen(1885/1963)

se eu tivesse de maca
ou mesmo de cama
em transito para uma certa sala clara, com lampadas escuras
pediria a deus
me leva de volta pro mar
pra arvore
pro que me tira da cama
e me faz perceber que a cada amanhecer
mais amo
o cheiro gostoso de viver,
do despertar
sair ,viver, amar, nao recusar nada
sofrer de dar,nao de dor
dor nas costas de amar
de amor

José Mario Ramos

nos versos dos versos quentes
de frio
engenharia do tempo,
que vc ve
ve nublado quente
alguem te inspira
cade ele
cade ela


José Mario Ramos

no final do corredor de marmore tinha um quadro
ninguem percebeu
era a natureza,ali,calada
falando,pedindo,clamando
em silencio
vem ser feliz mais um momento
vem escutar os passaros
em suas cantaroladas
mas sera' que tem jeito?
perguntavam aqueles moribundos vivos
corredores nao escutam
quadros falam,
pedindo respostas,so' que ele ja' nao ouvia
nem mais sentia
era tarde
ele morria

José Mario Ramos